Manter a água da sua piscina limpa, segura e convidativa é essencial para o lazer e a saúde de todos. Este guia abrangente explora as etapas cruciais do tratamento de piscinas, abordando desde os métodos químicos tradicionais até as alternativas mais modernas e ecológicas, sempre em conformidade com as normas técnicas que garantem a qualidade e a segurança.
Antes de adicionar qualquer produto à sua piscina, é fundamental analisar a água para diagnosticar suas condições. Os principais parâmetros a serem verificados são:
pH (Potencial Hidrogeniônico): Mede a acidez ou alcalinidade da água. O ideal, conforme a NBR 10339:2018, é manter o pH entre 7,2 e 7,6. Um pH desequilibrado pode causar irritação nos olhos e na pele, corrosão de equipamentos e reduzir drasticamente a eficácia do cloro.
Alcalinidade Total: Funciona como o "escudo" do pH, evitando que ele sofra variações bruscas. A faixa ideal situa-se entre 80 e 120 ppm (partes por milhão).
Dureza Cálcica: Indica a concentração de sais de cálcio na água. Níveis adequados (entre 200 e 400 ppm) previnem a corrosão de equipamentos (água "macia") ou a formação de incrustações (água "dura").
Cloro Livre: É a medida do cloro disponível para desinfecção. O ideal é mantê-lo entre 1 e 3 ppm.
Este é o método mais conhecido e utilizado para a desinfecção e manutenção da qualidade da água.
Cloração: O cloro é um poderoso sanitizante que elimina bactérias, vírus e algas, além de oxidar matéria orgânica.
Como usar: A dosagem varia com o volume da piscina, frequência de uso e exposição ao sol. Siga sempre as instruções do fabricante. A aplicação deve ser feita, preferencialmente, ao entardecer para evitar a degradação pelo sol, com o sistema de filtração ligado.
Controle de pH e Alcalinidade: Utilize produtos específicos como "Elevador de pH" (barrilha leve) ou "Redutor de pH" (ácido muriático ou bissulfato de sódio) e "Elevador de Alcalinidade" (bicarbonato de sódio) para manter os parâmetros na faixa ideal.
Algicidas: Previnem e combatem o surgimento de algas, que deixam a água verde e as superfícies escorregadias. Existem algicidas de manutenção (preventivos) e de choque (corretivos).
Clarificantes e Floculantes: Agem agrupando as micropartículas de sujeira em suspensão, que são pequenas demais para serem retidas pelo filtro. Essas partículas se tornam maiores e mais pesadas, facilitando sua remoção pela filtração ou pela aspiração do fundo da piscina.
Buscando maior conforto e sustentabilidade, muitos proprietários de piscinas optam por sistemas que reduzem a dependência do cloro químico.
Gerador de Cloro a Sal (Eletrólise Salina): Um sistema automatizado que converte sal (cloreto de sódio) dissolvido na água em cloro natural, através de um processo chamado eletrólise.
Vantagens: Produz cloro de forma contínua e controlada, elimina a necessidade de manusear cloro químico, proporciona uma água mais suave que não irrita a pele e os olhos.
Ozônio (O₃): Um gerador produz o gás ozônio, um oxidante extremamente potente que é injetado na água. Ele destrói microrganismos e matéria orgânica de forma quase instantânea.
Vantagens: É o desinfetante mais rápido e eficaz. Reduz drasticamente a necessidade de cloro, elimina as cloraminas (causadoras do cheiro de cloro e irritações) e melhora a cristalinidade da água. Por não ter efeito residual, é sempre usado como tratamento principal, complementado por uma pequena dose de cloro.
Radiação Ultravioleta (UV): A água da piscina passa por uma câmara onde lâmpadas especiais emitem radiação UV-C. Essa luz germicida altera o DNA de bactérias, vírus e algas, neutralizando-os.
Vantagens: Altamente eficaz na destruição de microrganismos, não gera subprodutos químicos e reduz a necessidade de cloro. Assim como o ozônio, não possui poder residual na água e deve ser combinado com um sanitizante complementar.
O tratamento químico não funciona sozinho. A manutenção física é indispensável.
Filtração: O sistema de filtração é o coração da piscina. A água deve ser filtrada diariamente por um período adequado (geralmente de 6 a 8 horas, dependendo do volume e uso), conforme recomendado pela NBR 10339:2018.
Aspiração: Aspire o fundo da piscina semanalmente ou sempre que houver sujeira decantada.
Escovação: Escove as paredes e o fundo pelo menos uma vez por semana para remover algas e biofilme que possam estar aderidos.
Limpeza de Skimmer e Pré-filtro: Limpe os cestos do skimmer e do pré-filtro da bomba para garantir o fluxo de água adequado e proteger o motor.
Para garantir a máxima segurança, qualidade e conformidade, o tratamento de piscinas deve seguir as diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). As principais NBRs aplicáveis são:
ABNT NBR 10339:2018 – Piscinas – Projeto, execução e manutenção
Descrição: É a norma mais completa, estabelecendo requisitos para o projeto, construção e, fundamentalmente, a manutenção de piscinas. Ela dita os parâmetros de qualidade da água, tempos de recirculação e filtração, e especificações para os sistemas de tratamento.
ABNT NBR 10818:1989 – Qualidade de água de piscina
Descrição: Foca especificamente nos critérios de qualidade da água e nos procedimentos para seu controle. Detalha os parâmetros físico-químicos e microbiológicos que garantem uma água segura, complementando a NBR 10339.
ABNT NBR 11238:1990 – Segurança e higiene de piscinas
Descrição: Aborda os requisitos de segurança e higiene do ambiente da piscina, o que inclui desde a qualidade da água até procedimentos operacionais seguros, como o manuseio correto de produtos químicos.
ABNT NBR 5410:2004 – Instalações elétricas de baixa tensão
Descrição: Norma de segurança crucial para qualquer piscina com equipamentos elétricos (bombas, iluminação) e, especialmente, para os sistemas de ozônio, UV e geradores de cloro, definindo as regras para instalações elétricas em áreas úmidas para prevenir acidentes graves.
ABNT Catálogo: Para adquirir e consultar as versões mais atualizadas das normas técnicas mencionadas.
Link: https://www.abntcatalogo.com.br/
Manuais de Fabricantes: Consulte sempre os guias e manuais dos fabricantes dos produtos químicos e equipamentos (bombas, filtros, geradores de cloro, etc.) para dosagens e procedimentos corretos.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA): Embora não regule diretamente piscinas de uso privado, estabelece padrões de potabilidade e segurança que servem de referência para a qualidade da água.
Seguindo este guia, aliando o tratamento químico ou alternativo a uma rotina de manutenção física e respeitando as normas técnicas, você garantirá uma piscina sempre pronta para o uso: com água cristalina, saudável e segura para todos.